Durante as nossas reuniões reflexivas procuramos discutar temas que contribuam para a formação dos nossos alunos, bem como contribuir para fomentar a capacidade de desenvolver o espírito crítico .

A partir da análise do texto do Professor Mário Cortella ,transcrito abaixo, surgiu no grupo uma série de questionamentos sobre " o ser professor" , as rotinas em ambiente de trabalho, as necessidades pessoais e profisssionais e suas intersecções. Diante desse momento tão crítico decidimos convidar a Professora Doutora Araci Asinelli da Luz, do Departamento de Teoria e Prática de Ensino, do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. A Professora Araci é pesquisadora na linha da cognição, aprendizagem e desenvolvimento humano,do Programa de Pós-Graduação em Educação, do Setor de Educação da UFPR, orientando teses e dissertações na sub-linha Educação Preventiva Integral e Desenvolvimento Humano junto à linha Cognição, Aprendizagem e Desenvolvimento Humano e do Programa de Pós-Graduação em Educação Teoria e Prática de Ensino (Mestrado Profissional) . Participa dos seguintes Núcleos e Grupos de Pesquisa: Educação, Ambiente e Sociedade (NEAS); Diversidades em Educação; Prevenção de Drogas na Escola. Núcleo Interdisciplinar de Enfrentamento das Dependências Químicas da UFPR- NIED (Coordenadora), NEPS - Núcleo de Estudos de Pedagogia Social da UFPR (Vice-coordenadora).Além de toda a experiência acadêmica a Doutora Araci desenvolve projetos com indivíduos em situação de risco.

Esta reunião foi extremamente importante e esclarecedora para todos os membros da Equipe Biologia 1 . Estamos diante de muitos desafios no cotidiano escolar e a Doutora Araci, com sua experiência, acrescentou muitas informações importantes para nossa discussão.

A importância das reuniões reflexivas e a interdisciplinariedade dos conteúdos marcou de maneira destacada essa nossa vivência.

 

Elogiar Por Elogiar Deseduca – Conselho De Mário Sérgio Cortella

Por Portal Raízes

O que é uma pessoa honrada? Aquela que, entre outras coisas, tem a percepção da piedade, aquilo que precisa ser resguardado na convivência. Uma pessoa autêntica tem a autenticidade grudada à piedade. Eu não posso, em nome da minha autenticidade, dizer tudo o que penso. Eu não posso, em nome da minha autenticidade, desqualificar apenas porque quero ser transparente. Ser autêntico não significa ser transparente de maneiro contínua.

Ser transparente para si mesmo? Sem dúvida, mas dizer tudo o que pensa numa convivência é ofensivo. O exemplo do menino de 5,6 anos de idade que traz o presente clássico do Dia dos Pais feito pelas próprias mãos. Chega da escola com aquelas coisas “horrorosas”, feitas com casca de ovo, palito de sorvete, que chegam a cheirar mal. “Pai, ta bonito?” É óbvio que o pai dirá que está maravilhoso naquela circunstância. A ideia do elogio ou do não elogio tem de ser circunstancializada.

Uma pessoa autêntica não aquela que é o tempo todo transparente. Se ela não tiver percepção de circunstância, ela se torna inconveniente. “Mas é assim que eu penso”. O fato de pensar assim não exime a pessoa de ser moderada. Isso não a leva a perder a autenticidade, apenas a resguardar a expressão de modo como é. Porque, como eu sou com os outros, tenho de ser de fato o que sou, mas não posso desconsiderar que outros existem. É preciso cautela, em nome da autenticidade, para não ser ofensivo. Nem descambar para o terreno da crueldade. Por exemplo, a criança chega com o presente e o pai diz: “Não está, não.  Você devia ter feito uma coisa bonita”. Ora, na condição daquela criança, ela fez algo belíssimo. E é belo porque ela fez no melhor da sua condição.

Não é a mesma circunstância de um pai ou de uma mãe que percebem que a criança fez algo com desleixo. Nesse caso, não deve elogiar por elogiar, porque isso deseduca. Se um filho ou uma filha traz um desenho que pode ser precário, mas que, naquela circunstância, naquela idade, naquele modo, é o melhor que a criança poderia fazer, é preciso elogiar em alto estilo. É sinal de afeto imenso. Mas, se o desenho apresentado é resultado de um desleixo, não se deve elogiar. Eu posso dizer a clássica fase de que educa: “Você é capaz de fazer melhor do que isso que está me mostrando”. Isso é educação. O que é crueldade? Dizer: “Isso é péssimo”. Quem educa precisa corrigir sem ofender, orientar sem humilhar. Precisa conviver com essa virtude, que é a piedade.

Trecho do Livro: Educação, Convivência e Ética: Audácia e Esperança -De Mário Sérgio Cortella. Páginas 67/69. Cortez Editora, São Paulo- SP.