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PIBID na Ocupa: oficina Cultura do Estupro
Autores: Ayrton Izaias de Oliveira e Tainá Cordova Schlösser*
*Oficina desenvolvida em parceria com o PIBID Biologia 2.
Apesar dos cortes no PIBID, nós bolsistas não paramos nossas atividades, muito menos quando as escolas estaduais pararam, devido às ocupações, pois acreditamos na luta dos secundaristas e também que, como professores em formação, deveríamos contribuir de alguma forma. Em todas as ocupações, oficinas dos mais diversos temas foram aplicadas. A nossa trazia em voga o tema “Cultura do Estupro”, assunto muito comentado nos últimos tempos e de extrema importância para toda e qualquer idade, principalmente para os jovens, e foi aplicada no Colégio Estadual Júlio Mesquita.
Em suma, nossa apresentação trazia um embasamento teórico em dois artigos, os quais tratavam do estupro e da cultura que o cerca. Juntamente com isso, fomos em busca de outros exemplos onde o mesmo é encontrado, mas com um enfoque no cotidiano, a fim de conseguir trazer o assunto o mais próximo possível dos alunos. Alguns exemplos utilizados foram propagandas, na grande maioria de cerveja, onde a mulher muitas vezes é objetificada e fragilizada, algo muito presente no machismo e por consequência na Cultura do Estupro, onde o agressor acredita que é superior a vitima, então pode agredí-la. Abaixo, trazemos uma das propagandas utilizadas em nossa apresentação:
Imagem 1: Propaganda da Cerveja Skol. Fonte:http://photos1.blogger.com/blogger/7158/3084/1600/provador.0.jpg
Durante toda a oficina, os alunos participaram ativamente, sempre fazendo ótimos comentários, demonstrando um ótimo conhecimento sobre o assunto. Quando havia dúvidas, sempre eram esclarecidas e muitos relatos foram compartilhados pelos alunos, sendo que a grande maioria nos deixa bastante preocupados, por se tratarem de acontecimentos presenciados nos arredores do próprio Colégio, nos mostrando o quão fraca é a segurança da região (um exemplo de relato foi a de um moço, completamente nu, dentro de um carro, que abordou as meninas, enquanto elas estavam próximas ao Colégio). Por fim, a oficina foi muito produtiva, durando além do previsto (esperávamos cerca de uma hora e ela acabou durando o dobro).
“Para mim experiências como esta trazem uma enorme contribuição para a minha formação como professora, por diversos motivos. O primeiro deles é que pude conversar com os alunos de uma forma informal, isto é, fora da sala de aula, mesmo que a proposta tivesse um cunho educativo, não fui como professora, mas sim como acadêmica do curso de Biologia e professora em formação, e acredito que isso deixa os alunos mais a vontade para debater o assunto proposto; pude levar um assunto que não é normalmente tratado dentro de sala de aula, porém possui um enorme valor para eles como cidadãos; pude também conhecer uma ocupação, conversar com os estudantes e colaborar de alguma forma, deixando meu apoio para esse momento histórico e difícil; pude perceber que eles estão muito informados sobre o que está acontecendo e principalmente sobre a Cultura de Estupro, pois acabou sendo um bate papo muito produtivo” Tainá
“Poder de alguma forma contribuir com as ocupações foi algo muito gratificante. Trazer a tona, em um ambiente de lutas por direitos um tema como ‘Cultura do estupro’ foi, a meu ver, uma decisão necessária e feliz. Necessária por todos estarmos inseridos nesta cultura, e muitas vezes nem nos darmos conta disso acabamos por reproduzi-la; feliz pela motivação de discussões que o tema gerou neste ambiente, onde outras lutas foram levantadas e reafirmadas, como contra o racismo e homofobia. A dificuldade do tema surge, para além de sua complexidade, das muitas percepções e opiniões existentes, e do conflito entre elas, portanto para ser superada o diálogo entre os divergentes foi, e ainda é, essencial.” Ayrton