O texto que segue contém  um relato de observação de aula de uma bolsista ID.

Relatório de observação Francisco Zardo

Pibidiana: Bruna Motta

 

  1. Impressões sobre o espaço escolar:

 

O espaço escolar me surpreendeu bastante. A escola tem uma ótima infraestrutura, com quadra de esportes coberta e uma pequena quadra descoberta, além de um grande pátio, biblioteca e banheiros bem conservados - porém sem papel. As salas de aula também são bem conservadas, mas pequenas para a quantidade de alunos, o que dificulta a circulação da professora pela sala de aula. Também foi interessante saber que os sinais de troca de professor são músicas escolhidas pelos alunos. A escola possui um ótimo espaço, mas não sabemos se esse espaço é bem aproveitado pelos alunos e se algumas aulas interagem com espaços fora da sala de aula habitual.

 

  1. Leitura do PPP

 

O Colégio Estadual Professor Francisco Zardo começou suas atividades quando famílias imigrantes de italianos, maior parte vinda de Veneza, se estabeleceu na região de Santa Felicidade. O professor que leva o nome do colégio, iniciou sua carreira de magistério em 1889 e permaneceu até sua morte, em 1931, lecionando em sua casa ou na dos alunos. Em 42, os moradores junto com apoiadores e a prefeitura deram início à construção a escola. Desde então a escola foi passando por diversas transformações, ampliações e mudanças de nome até estar como a conhecemos hoje. A escola se propõe a oferecer um ensino de qualidade, baseado nos parâmetros morais e éticos da educação a fim de criar o cidadão do futuro que irá usar seu conhecimento e ciência para erradicar a miséria social no planeta.

 

 

  1. Quais foram suas expectativas ao adentrar a sala de aula?

 

A princípio fiquei animada por acompanhar uma aula de literatura, pois pensei que aconteceria maior interação dos alunos e fiquei imaginando que haveria discussão e a formulação coletiva de uma interpretação. Também imaginava que alguns alunos estariam dispersos, e que outros estariam interessados.

 

  1. E os objetivos da atividade de observação?

 

Para mim, o objetivo dessa atividade foi analisar quais atividades são efetivas para a construção do aprendizado e para a condução de uma aula no formato que ela tradicionalmente possui. Estar como observadora da aula me permitiu ter uma visão melhor de fora de como a turma se comporta em grupo e como a professora tem função mediadora desse grupo, também pude pensar quais aspectos eu gostaria de colocar em prática para tentar guiar uma aula e manter o interesse do grupo.

 

C)

 

  • Como você caracteriza o aluno do 2º ano do EM em ambiente de sala de aula?

 

Quando chegamos no colégio descobrimos que o horário havia mudado, e a aula do 3º ano já havia acontecido, então ficamos para assistir a aula do 2º ano. A minha impressão é de que os alunos estão em fase de se auto descobrir, de saber aquilo que gostam e o que não gostam. O ambiente escolar é, além de um espaço de aprendizagem, um espaço de interação social, por isso os alunos parecem se preocupar com a posição social que assumem dentro da sala, e isso talvez os impeça de fazer perguntas em voz alta. A turma se divide em grupinhos e a maioria dos alunos possuía o celular em cima da mesa.

 

  • Você percebeu atitudes de desafio em relação à figura do professor? Como é possível lidar com eles?

 

No geral, a turma respeita bastante a professora e parecia gostar dela. Não houve nenhuma atitude de desafio, só casos de desatenção e desinteresse, nos quais a professora pedia para que eles voltassem a fazer a atividade toda vez que percebia essa dispersão. É difícil imaginar como lidar com casos de suposta atitude de desafio, pois imagino que cada aluno é um aluno e cada caso é um caso e necessita lidarmos de uma maneira específica, e acredito que a relação de respeito entre alunos e professores é construída desde o primeiro dia em sala de aula.

 

  • Como você, professor em formação, se sentiu recebido pelos alunos?

 

Me senti bem recebida, os alunos pareciam interessados pela “novidade”, por ter alguém de fora com outras experiências e com idade próxima a deles. Quando nos apresentamos foram bem receptivos, e nos oferecemos para esclarecer dúvidas sobre a universidade caso eles tivessem interesse.

 

D) Com relação ao conteúdo específico de sala de aula

 

Assistimos uma aula de Romantismo, aplicada aos alunos do 2ºEM, que tinha por objetivo fazer a análise poética da Canção do Exílio. A professora pediu que cada aluno lesse uma estrofe do poema - segundo ela a aula anterior havia sido para contextualizar o Romantismo com o seu período histórico e destacar as principais características dessa escola literária. Havia muito barulho do corredor e dentro da sala de aula os alunos também não estavam conseguindo se concentrar. Muitos alunos não haviam trazido o material didático devido à mudança de horário de última hora, e isso também gerou falta de concentração. Após a leitura do poema, a professora pediu que os alunos respondessem as questões do livro didático (de 1 a 8), porém as questões não foram lidas pela professora e nem discutidas entre os alunos e o resto da aula correu assim, os alunos sentados individualmente respondendo as questões. Muitos não estavam nenhum pouco interessados, muitos mexendo no celular e muitos não conseguindo avançar além das primeiras perguntas. As perguntas do livro didático eram de aspectos bem formais do poema e possuindo um vocabulário complicado. Como exemplo, a primeira pergunta pedia a escansão do poema, o que gerou muitas dúvidas nos alunos, por não saberem o que é escansão, e depois por não saberem como fazê-la. A professora explicou como fazer a contagem das sílabas poéticas, porém não comentou a importância daquilo, nem deu outros exemplos. Muitos alunos estavam interessados em saber sobre a paralisação e a greve. Na minha observação diria que a atividade proposta não correu muito bem, pois não despertou o interesse dos alunos e eles não conseguiam perceber a utilidade daquilo que estavam estudando. Acredito que se o poema tivesse sido trazido para uma realidade mais próxima deles, isso despertaria mais a atenção, por exemplo explicando qual a importância de saber que o poema é escrito em redondilhas menores e que as canções populares são assim, ou buscando outros textos que dialoguem com a Canção do Exílio.