Biologia 2 > Páginas > Claudia Lago
RELATO 2015
Atender a diversidade de interesses e diferentes níveis de aprendizagem dos educandos, de modo que se possa promover o desenvolvimento do conhecimento e das habilidades individuais e coletivas, exige um constante repensar da prática educativa. No PIBID, dentre outras possibilidades que oferece aos supervisores, está a garantia de um espaço onde esse repensar é acompanhado pelo ineditismo próprio do aspirante a carreira docente e o apoio da fundamentação acadêmica, propiciado pelo orientador. Ambas articulações faltam em qualquer outra proposta de formação continuada, o que torna o PIBID uma experiência única e de extrema relevância para a reorganização dos modos de pensar a educação escolar.
Com relação ao projeto específico de Biologia 2 da UFPR, “Dando Asas à Ciência!”, orientado pelo Professor Marco Antonio Ferreira Randi, avalio que o mesmo reafirmou o valor do comportamento investigativo no ensino das Ciências, em especial da Biologia. Reforçou a importância de instigar o estudante a redescobrir sua curiosidade e percebê-la como um componente essencial na formulação de questões e na busca do conhecimento. Propôs o prazer, a diversão, o lúdico como componente possível no desenvolvimento e exercício da metodologia científica, entendendo-se essa como processo fundamental não apenas na formação de futuros pesquisadores, mas de cidadãos autônomos, capazes de realizar e fundamentar suas próprias análises, de modo a confrontá-las num debate e promover a construção de uma realidade sonhada coletivamente.
Tomando minha particular experiência neste projeto, afirmo que não se trata de desconhecermos a importância desta postura professor/pesquisador, mas sim de como os afazeres, urgências, minúcias, pressas e outros fatores vão nos afastando deste fazer ciência e nos moldando na engrenagem da repetição de conceitos, sem espaço para o aprender a fazer ciência. A proximidade de profissionais que mantêm com propriedade essa postura professor/ pesquisador fortalece, revigora, anima, realimenta, nos recarrega de esperança e vontade.
Para o Colégio Estadual Santa Gemma Galgani observo que os estudantes ganharam uma professora revigorada, com sua confiança e valorização resgatadas, mas com sua percepção de movimento refeita. A proximidade da escola com profissionais e estudantes da Universidade Federal do Paraná é também valorização da escola, como referência de abertura para projetos que melhorem a prática educativa e naturalmente os estudantes, em contato com jovens universitários, têm nesse diálogo indireto com a universidade, a percepção da formação acadêmica como algo tangível, resgatando nos jovens uma nova motivação.
As práticas e os materiais propostos pelos PIBIDianos são, em parte, incorporados ao cotidiano da escola, dinamizando e melhorando a prática docente no momento presente, além do que, aprimora e adianta a construção de profissionais mais experientes, dinâmicos e comprometidos com a educação pública. Cabe aqui o reconhecimento da responsabilidade do professor supervisor como alguém que se disponha a construir caminhos diante dos entraves próprios da educação púbica brasileira. No que se refere a minha participação no referido projeto, acredito ser melhor avaliada ouvindo as outras partes envolvidas neste processo.
Buscando dimensionar o resultado produzido em cada PIBIDiano, concluo que é quase impossível não terem saído também acrescidos após esses meses de convívio, leituras e experimentações. Sem dúvida aprendi muito com eles, refazendo, arriscando, inovando práticas. Pude verificar em alguns a presença de um professor pronto para atuar; outros, ainda que não estejam prontos, tiveram seus primeiros momentos como professores, repensaram alguns conceitos sobre a profissão que escolheram, sobre o espaço em que atuarão, sobre os instrumentos possíveis, sobre o corpo discente que encontrarão, sobre a dinâmica da escola pública e tantas outras percepções e reconstruções que só a vivência de determinadas situações propiciam. Também pude notar um amadurecimento em certas questões mais pessoais, mas de grande importância no convívio coletivo que a profissão exige, tais como a melhora da autoconfiança e de seus modos de comunicação, a manifestação de comportamentos extremamente comprometidos e proativos em alguns e a melhora na aceitação de críticas em outros.
RELATO 2016
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), assim se denomina a proposta de incentivo à formação de novos professores da qual faço parte como supervisora. Uma proposta que surge porque há algum tempo verifica-se a necessidade de investimento na educação formal brasileira, que dentre outras questões, necessita enfrentar a pouca motivação do jovem acadêmico para canalizar sua energia em dierção à carreira de professsor.
No entanto, o PIBID se mostra uma inicativa muito mais ampla do que parece, ela articula teoria e prática, pesquisa e docência, comunidade e universidade, educação básica e ensino superior, estudantes e docentes, gestão estadual e federal... enfim... trata-se de um campo fértil, de possibilidades infinitas para a investigação e prática de ações para a melhoria da educação pública brasileira.
Curioso é verificar que, durante um processo de efervescência política, onde, dentre outras preocupações nacionais, se aponta para o fracasso do ensino público, observa-se também a luta de docentes, pesquisadores, estudantes e comunidae pela manutenção do PIBID. Este passa então, sob o pretexto da economia, a ser um dos programas a ser discutido, não mais como um possível caminho para melhoria dos ínidices educacionais, mas como um custo de pouco retorno e que merece ser “remodelado”.
Frente às propostas de descaracterização do programa, que nos pareceram repetição de receitas já fadadas ao fracasso, eis que ressurgem os debates e mobilizações, tão necessárais à garantia do que é de direito, e mantêm-se parte do que se acredita ser promissor para um programa que busca melhoria da qualidade de educação. No entanto, acontecem cortes de verbas importantes, como o custeio das produções dos materiais pedagógicos.
Mais uma vez, hora de reaprender com a moçada!! E foi assim, que mesmo custeando do seu próprio bolso, teimosamente o grupo não parou de produzir. Que seja este nosso levante!! Que frente às contradições do poder público não nos faltem os debates, as reflexões e as mobilizações! Assim, quase encerrando 2016, mais uma vez a oportunidade de aprender, que educação pública de qualidade vai muito além dos muros da escola.