Biologia 2 > Páginas > Relações das Espécies Nativas e Exóticas com o Ambiente
A Ecologia é uma via de múltiplas possibilidades para se trabalhar um mesmo tema. A partir do momento que vemos a teia de conexões entre os assuntos, a abordagem e a interação dos alunos com tudo que é proposto, as opções de desenvolvimento de projetos é ainda maior.
Pensando nisso, foram desenvolvidos espaços integrativos com os alunos do 1º, 2º e 3º ano do ensino médio do Colégio Estadual Santa Gemma Galgani, no município de Curitiba - PR, com uma das linhas temáticas sendo “Relações das Espécies Nativas e Exóticas com o Ambiente”. As atividades aconteceram no contra-turno dos alunos, no período da tarde, no formato de oficinas.
Oficina “Agroecologia em Contos: Literatura e Educação Ambiental”
A literatura tem em sua própria natureza a interdisciplinaridade, e por meio dela, conseguimos fazer debates e reflexões, a partir dos pontos que achamos pertinentes. Nesta oficina, foi utilizado o livro “A Convenção dos Ventos”, da Ana Primavesi, agricultora e escritora, que trás temáticas fortíssimas e relevantes para os jovens, com um olhar sensível, crítico e real. Neste livro, há vários contos, em que todos os elementos - bióticos e abióticos - retratam, como se fossem indivíduos, suas condições no meio em que vivem: primeiramente, sem a interferência humana; e então, após a alteração que os humanos impõe ao espaço. As consequências, nesse segundo momento, são gritantes, e a destruição massiva que o modo de produção atual faz com o meio ambiente é triste e cruel. A autora, então, nos leva por meio da literatura ao debate sobre várias problemáticas que envolvem temas como água, agricultura e educação, e ao longo da conversa, percebemos que todos estão conectados. A atividade, além de integrar os alunos durante a leitura, deu espaço de fala a todos e tomou vários rumos ao longo da tarde, tratando da problemática proposta, mas também de questionamentos levantados pelos alunos que surgiram durante a leitura, como reprodução de insetos, processos metabólicos e influência das mídias sobre nosso consumo. A conexão entre todos os pontos culminou com a conclusão de que realmente, tudo está em rede, e o ecologia de todo o sistema só funciona com o equilíbrio de todos os fatores.
Oficina “Fanzines Ambientais: Espécies Nativas do Paraná”
Os fanzines são meios de comunicação simples e que dão liberdade ao autor de se expressar da maneira com que se sente mais confortável: poemas, textos, colagens, desenhos, ou até mesmo tudo isso junto, colocando os elementos que quiser em uma folha, geralmente A4, e ousando nas dobraduras, com o objetivo de ser dinâmico a quem lê. Os fanzines são adaptáveis para as temáticas que se desejar, e foi exatamente o que fizemos. A ideia foi criar fanzines com espécies nativas do Paraná, abrangendo tanto a flora, quanto a fauna e outros seres vivos à escolha dos alunos. A temática das espécies nativas e exóticas foi apresentada brevemente aos alunos, e o aprofundamento sobre isso ocorreu no laboratório de informática, onde todos puderam consultar e pesquisar sobre; dessa maneira, todos foram se ajudando, e cada um pode construir seu fanzine com sua marca pessoal. Ao longo da oficina, percebi dificuldade dos alunos com a liberdade que a metodologia trouxe, por estarem condicionados, em sala de aula, a fazer as atividades do modo que o professor determina (com letras de tamanho padrão, número exato de linhas, cores de canetas específicas…). Ao estimulá-los a ousar no que eles se sentiam confortáveis, ouve espantamento dos alunos, mas aos poucos eles foram se soltando. Vale lembrar, que, com certeza, essa atividade não foi decisiva para cravar autonomia e criatividade nos alunos, mas pode ter sido um passo pra que isso seja alcançado.
Oficina “Observação Crítica do Espaço Escolar”
Desenvolver as atividades a partir das demandas da escola é muito importante, pois além de tratar de temas que necessitam de atenção naquele momento, estimula os alunos a terem um olhar crítico sobre o espaço e a comunidade que os cercam. Nessa oficina, andamos por toda a escola, e os alunos levantaram pontos no espaço escolar que necessitavam de melhorias urgentes, e ressaltaram os espaços que estavam bons, e atividades e atitudes que poderiam o melhorar ainda mais. Essa atividade foi parte do projeto de elaboração do mapa da escola, que está sendo elaborado em conjunto com alunos de outras séries. Portanto, além de estimular o olhar crítico, a atividade também teve cooperação, princípio importante a ser aprendido, pois todos, em algum momento, atuamos em coletividade.
Nossas atividades foram pontuais, mas percebemos que elas têm impactos, mesmo que sutis, na vida das pessoas com quem compartilhamos essas vivências, e essas atividades foram planejadas com esse intuito. A transformação acontece aos poucos, e com a união, a educação crítica e de qualidade será para mais e mais educandos.