Biologia 2 > Páginas > Relatos de Experiência - Exposição de conceitos aliada a questionamentos prévios
Relato de minha primeira visita ao Colégio Estadual Ângelo Gusso – 29 de julho de 2016
Carolina Moreira Dolci
Aproximadamente três semanas antes de minha visita, foi ministrada uma aula teórica de Biologia Celular aos alunos de primeiro ano do Ensino Médio, que foram convidados a participar de uma aula prática dinâmica no contraturno.
Enquanto os alunos se organizavam na sala, ouvi alguns deles comentando que não comparecem às aulas no contraturno por obrigação, mas porque gostam das aulas e as acham interessantes, o que indicou maturidade e disposição por parte deles.
Os pibidianos Robertta e Ayrton confeccionaram lâminas para exposição com material que eles mesmos levaram para a escola. Tendo em vista os recentes cortes no orçamento do PIBID, fica nítida a necessidade de os próprios pibidianos comprarem material para utilizar nas aulas, o que se justifica por, muitas vezes, o programa não disponibilizar verba para tal.
Após a confecção de lâminas, iniciou-se uma conversa com os seguintes questionamentos para a turma: “Todas as células são iguais num mesmo organismo?”, “Como elas são?” e “O que conseguimos enxergar?”. Pelo que observei, ao iniciar as atividades com questionamentos ao invés de com exposição direta de conceitos, prende-se de forma mais eficiente a atenção dos alunos, uma vez que estes ficam interessados na resposta justamente por passarem pelo processo de tentar descobri-la.
A aula foi dividida em dois momentos:
1. Observação de material em lâmina – Essa parte foi iniciada com questionamentos seguidos de explicações de como, por exemplo, os cortes são montados e como funciona o microscópio óptico. Os alunos se mostraram bem interessados, surpresos por vezes e se mantiveram quietos por boa parte desse momento, sendo um dos pontos mais marcantes em seu comportamento a organização com a qual observaram, um a um, o que era explicitado no microscópio. Nesse momento foi possível constatar, novamente, a precarização do ensino, uma vez que só havia um único microscópio para uma turma de aproximadamente vinte alunos. De acordo com o proposto pelos pibidianos ministrantes da aula, os alunos disseram o que acreditavam estar observando, o que foi sugerido com o objetivo final de desconstruir o conceito de célula comumente apresentado. A partir dos questionamentos iniciais e das observações feitas pelos alunos, eles mesmos perceberam que a ideia inicial que alguns tiveram de que todas as células são iguais é errada. Dessa forma, acredito que essa informação foi fixada de forma mais eficiente do que se tivesse sido apenas exposta sem a busca realizada pelos alunos.
2. Extração de DNA de mamão – Esse momento iniciou-se com a preparação de uma mistura de mamão, detergente, água quente e sal. A partir do material utilizado, que também foi adquirido pelos pibidianos, os alunos foram questionados sobre a função de cada item, o que prendeu sua atenção pela interação direta com o docente. O pibidiano Ayrton distribuiu uma quantidade do preparado inicial para cada aluno em tubos de ensaio para que pudesse pipetar álcool em cada um, fazendo os alunos observarem de perto a reação de precipitação, o que acabou dinamizando ainda mais a aula. Ao final desse momento, um dos alunos perguntou para os pibidianos como é feita a comparação do DNA de duas pessoas, demonstrando seu interesse e liberdade em perguntar algo relacionado ao conteúdo abordado.
A exposição de conceitos aliada a questionamentos prévios se mostrou eficaz na manutenção do interesse dos discentes, uma vez que estes se tornam parte ativa do processo de aprendizagem.