Português 3 > Posts > 2016/9 Os Livros da selva: 6D
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Setor de Ciências Humanas
Curso de Letras
Subprojeto Português 3:
Formação de leitores – integrando biblioteca e sala de aula
Coordenadora: Profa. Dra. Renata Telles
Os livros da selva: literatura e oralidade no sexto ano
TURMA 6D – COLÉGIO ESTADUAL LEÔNCIO CORREIA
Supervisora: Profa. Jussara Machado de Andrade
BOLSISTAS RESPONSÁVEIS: INGRID FAUSTINO VIEIRA e ISABEL LINHARES
Observação de aulas da supervisora:
25/08:
Assistimos apenas uma aula no dia, já que no quarto horário houve aplicação de prova. A turma estava bem agitada, 10 minutos devem ter se passado antes de todos estarem sentados para que a aula começasse. A aula foi de revisão para a prova e, ainda que os alunos tenham pedido pela revisão, a distração foi grande e a explicação era parada de 5 em 5 minutos. Ainda assim, os alunos pareciam dominar bem o assunto e se interessar pelo conteúdo.
Na turma, podemos observar claramente uma divisão entre meninos e meninas que é marcada pelos lugares que eles escolhem na sala, já que a turma ainda não possui um espelho de classe. No grupo das meninas, algumas eram mais velhas e pareciam ‘’dominar’’ a sala: falavam mais alto, riam, gritavam, etc.Pareceu comum os xingamentos e piadinhas sobre jeito x ou y das colegas, além de um grande problema de autoestima; nas meninas mais novas, além do problema de autoestima, observamos uma forte necessidade de aprovação por parte das garotas mais velhas. No grupo dos meninos, que é bem menor, a descoberta dos palavrões e de um falar mais grosseiro (talvez seja essa a ideia de masculinidade e de maturidade que esses meninos tenham) pareciam dominá-los. Eles não ligavam muito para as meninas, mas discutiam muito entre eles, se xingando de “viadinho, viado’’ ,ou, pedindo para “virar homem’’ várias vezes durante a aula.
A professora tentava controlar tanto os xingamentos quanto as conversas paralelas, mas parecia não dar conta em alguns momentos (parte também por causa do barulho que vem de fora e que é muito alto nessa parte do colégio). Durante a aula, pudemos perceber na fala da própria professora uma certa negatividade com relação aos alunos: ‘’eu lembro da sua prova, foi bem isso aqui que você errou’’, ‘’vocês tão muito fraquinhos, não tão sabendo x ou y’’ e ‘’isso daqui vocês erram sempre, erraram muito’’, etc. Por tudo falado até agora, os alunos parecem lidar com muita insegurança e problemas de autoestima.
01/09:
Assistimos a primeira aula, que foi aplicação de uma recuperação, pois a maioria da turma não tinha ido muito bem na prova. A professora separou em uma fila os alunos que não precisavam de recuperação e o restante fez a prova. Eles levaram a aula inteira para responder as questões e por isso não aplicamos o questionário logo na primeira aula.
Durante a observação, vimos novamente alunos trocando xingamentos entre eles e muitos levantando no meio da aula, sem autorização da professora. É muito difícil fazer com que eles mantenham o foco.
Aplicação do questionário:
Conversamos com a professora e combinamos de aplicar o questionário no início da segunda aula. Enquanto uma bolsista explicava um pouco sobre quem éramos (alunas de Letras da UFPR que participam do PIBID), a outra ia entregando cópias do questionário para cada aluno. Explicamos que as respostas poderiam ser curtas e que o objetivo com o questionário era conhecermos um pouco melhor a turma. Esperávamos que eles demorassem mais, depois de ter observado a turma fazendo a prova, mas foi rápido (algo entre 10 minutos), apesar de alguns terem demorado um pouco mais.
O questionário levava o seguinte formato:
IDADE:
COM QUEM MORA:
QUESTIONÁRIO |
1. Gosta de ler?
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2. Qual livro você mais gostou de ler?
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3. Qual sua matéria preferida na escola?
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4. O que gosta de fazer quando não está na escola?
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5. Se um amigo te indica um livro, onde você busca esse livro (biblioteca, pede emprestado, livraria, etc.)?
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O resultado do questionário foi muito interessante. Dos 29 alunos que compunham a turma no começo do semestre, 25 responderam. Percebemos que a maioria da turma tem 12 anos, ou seja, são um ano mais velhas do que era esperado para alunos do 6º ano (apenas alunos com 11 anos); mas, dessa forma, em termos de idade, encontramos uma uniformidade. Aproximadamente metade dos alunos que responderam ao questionário (12) moram com o pai e a mãe, enquanto seis deles responderam que moram apenas com a mãe.
Quanto às respostas ligadas a gostarem ou não de ler, o resultado foi muito satisfatório: nenhum aluno respondeu que não, enquanto 16 responderam que sim e 3 que mais ou menos. O livro mais citado quando perguntados qual havia sido o que mais tinham gostado de ler, foi o Diário de um Banana (quatro vezes), e tivemos muitas respostas variadas, desde a Bíblia (uma vez) até O Menino do Pijama Listrado (duas vezes) e o Diário de Anne Frank (uma vez). A matéria preferida de 10 alunos foi matemática, artes e educação física foram citadas por 4 alunos cada, ciência por 2 alunos e português por 5.
As respostas para o que gostavam de fazer em seu tempo livre foram variadas: passear (2 alunos), assistir TV (1 aluno), ler (4 alunos), jogar bola (3 alunos), videogame/celular (5 alunos), dormir (1 aluno), internet (2 alunos), brincar (4 alunos), escutar música/dançar (3 alunos). Quanto à última questão, sobre onde buscavam livros quando estavam interessados em algum, a biblioteca foi citada 12 vezes, a livraria 6, pedir emprestado 5, e nunca me indicaram um livro apenas uma vez. Ficamos muito felizes ao perceber que quase metade dos alunos que responderam ao questionário, portanto, tinham o hábito de pegar livros emprestados na biblioteca. Dessa forma, conseguimos traçar mais ou menos o perfil da turma com a qual vamos trabalhar. Anexo – gráfico questionário 6 D
Aula 01 - Motivação (2 horas-aula)
Objetivos: Conhecer melhor os alunos de maneira leve e descontraída, incentivando as livres opiniões e expressão oral. Introduzir o tema do ‘’ser descolado’’, frequente entre os alunos do sexto ano. Registro das impressões de leitura de forma lúdica, trabalhando com pintura.
1. Leitura: contar a história de Flicts para os alunos (a leitura deve ser dividida entre os bolsistas responsáveis pela turma). Nesse momento, os alunos deverão sentar no chão e formar uma roda para que todos consigam ver o livro enquanto ouvem a história. (20 minutos).
- A leitura será feita na sala alternativa.
2. Discussão: perguntar aos alunos o que eles acharam da história que acabaram de ouvir. Gostaram? Já tinham lido? Conseguem traçar paralelos entre a história e a vida deles? (25 minutos)
- A ideia é que cada aluno fale um pouco sobre o que achou da leitura, para isso, podemos perguntar circularmente na roda as opiniões e impressões (assim os alunos respeitam a vez de cada um falar). Caso os alunos estejam tímidos, os bolsistas podem participar da discussão e relatar o que acharam da leitura.
3. Pintura: a partir da leitura de Flicts e da discussão feita em sala, os alunos receberão uma cartolina em branco e tinta guache. O tema da pintura é ‘’livre’’, mas deve refletir a conversa do momento anterior e suas impressões sobre o livro. Os alunos se dividirão em grupos menores (aproximadamente 5 alunos por grupo) e cada grupo receberá uma caixa de tinta guache. Os bolsistas devem circular entre os grupos e auxiliar com o uso da tinta, controlar a bagunça, etc. (45 minutos)
Papel canson (aprox. 35 folhas por sala), papel toalha, copo descartável, tinta guache e pincel, jornal ou craft para cobrir o chão.
ZIRALDO. Flicts. São Paulo: Melhoramentos, 2012.
Começamos nossa aula pedindo para os alunos sentarem em roda no chão do auditório. Eles estavam muito tímidos, se escondiam uns atrás dos outros e tentavam evitar ao máximo sentar mais ‘’na frente’’, próximo de nós. A leitura correu bem, os alunos fizeram silêncio quase absoluto e pareciam prestar atenção no livro e nas imagens dele. O início da conversa sobre as impressões que tiveram a partir de Flicts foi um pouco truncado, ainda estavam com vergonha e pareciam não querer se expor na frente de um grande grupo. Decidimos separar a turma em dois grandes grupos, mesclando meninas e meninos (coisa que os meninos não queriam), e, a partir desse momento, a conversa fluiu bem melhor e os alunos se abriram bastante, falaram abertamente sobre como eram Flicts e como tinham percebido o livro. Alguns achavam que o Flicts ia viver sozinho na Lua, já que não se encontrava em nenhum lugar, enquanto outros achavam que a cor finalmente se sentia ‘’em casa’’ e ficava feliz. O debate foi muito intenso e produtivo, pudemos começar a tatear quem são nossos alunos.
Na segunda aula, eles relembraram a história e os debates, depois formaram grupos de mais ou menos 6 alunos e começaram a pintar. Enquanto eles pintavam, circulamos pelos grupos conversando um pouco, perguntando sobre a pintura, etc. Nesse momento, os alunos se abriram ainda mais, contaram de suas famílias, do que gostam de fazer e pareciam gostar muito da atividade. Ainda que o tempo não tenha sido suficiente para muitos deles terminarem seus trabalhos, o espaço que tivemos para conhecer, ainda que minimamente, suas histórias foi muito produtivo e fértil. Os meninos pareciam querer continuar naquela aula por mais tempo, o que parece um ótimo sinal.
Aula 02 - Introdução (2 horas-aula)
Primeira hora-aula
Objetivos: Introduzir o ambiente e o assunto da leitura a ser feita, despertando a curiosidade e o interesse dos alunos. Apresentar aos alunos a Índia vivida por Rudyard Kipling e a selva representada no livro. Para tanto, as aulas trarão uma série de imagens, informações, histórias e vídeos que aproximam os alunos desse universo.
Estratégias:
Observação: Essa exposição se dará sem que o nome Mowgli seja citado para que os alunos não pressuponham logo de saída que se trata da leitura de Os Livros da Selva.
1. Apresentação da Índia:
1.1. Discussão: perguntar aos alunos o que vem à cabeça quando falamos sobre Índia. Já viram algum filme que se passa ou fala da Índia? e novelas? etc. (5 minutos)
1.2. Apresentação: com auxílio de powerpoint, os bolsistas apresentarão rapidamente a cultura indiana (roupas, deuses, comidas, etc.), a língua híndi e a geografia do país, a partir de um mapa da Índia, preparando a apresentação da selva na sequência. (10 minutos)
2. Apresentação da selva:
2.1. Mostrar imagens e vídeos da Selva: continuar no powerpoint, agora mostrando templos, cavernas, florestas, etc. (10 minutos)
2.2. Mostrar imagens e vídeos de animais: aproximando um pouco mais do tema de Os Livros da Selva, mostrar também tigre, urso, cobra, macaco, pantera e lobo. (10 minutos)
2.3. Discussão: O que acharam? Já viram algum lugar assim? Gostam da selva? De que paisagem gostaram mais? Se fossem contar uma história de um lugar assim, como seria? etc. (10 minutos)
Segunda hora-aula
3. Apresentação:
3.1. Depois de toda a base de cultura indiana da primeira hora-aula, os alunos se dividem em grupos. A ideia é que cada grupo discuta o que mais gostou nos slides e monte uma história a partir disso, usando os animais como personagens base. Os alunos devem ficar livres para criar suas histórias (pode envolver pessoas, mais animais, deuses, etc.). (45 minutos)
Material: PowerPoint, slides preparados com as imagens da Índia, da selva e dos animais. Anexo 2 - Mowgli
Comentário:
Na primeira aula, apresentamos a primeira parte dos slides sobre a Índia, começamos perguntando o que eles sabiam e as contribuições foram muito ricas já nesse comecinho. Assim, pudemos perceber que os alunos estavam mais confortáveis conosco. Todos gostaram muito dos slides, principalmente dos animais, estavam bem curiosos e se divertindo com tudo aquilo que mostramos. Dessa forma, pudemos perceber grande a concentração e a atenção dos alunos. No final da primeira aula, explicamos a ideia da criação de uma história em grupos pequenos e os alunos se empolgaram.
Na segunda aula, os alunos voltaram para a sala discutindo suas ideias para a história, fomos andando de grupo e grupo, perguntando como estava indo o processo, pedindo para que eles nos contassem um pouco das suas histórias - tudo pareceu estar indo muito bem, os alunos usaram muito daquilo que apresentamos e ainda perguntaram mais coisas para adicionar em suas histórias. Durante toda a aula eles ficaram discutindo ideias, criando histórias e ensaiando para a apresentação da semana que vem.
Aula 03
Objetivo: Retomar e dar continuidade à aula anterior, com as apresentações das histórias criadas. Incentivar a expressão oral e a integração da turma. Continuar a introdução e motivação para a leitura, ampliando o conhecimento e as relações com histórias de crianças selvagens. (2 horas-aula)
Primeira hora-aula:
Estratégias:
1. Apresentações:
1.1. Ensaio: os alunos se reúnem nos grupos formados na aula anterior para acertarem os últimos detalhes das apresentações, enquanto isso os bolsistas circulam tirando dúvidas e ajudando no que for preciso. (15 minutos)
1.2. Apresentações: cada grupo deverá ir para a frente da sala para apresentar a história. A ideia é que a apresentação seja feita sem leituras, para incentivar a expressão oral. (30 minutos).
Segunda hora-aula:
2. Criança Selvagem:
2.1. Introdução: explicar rapidamente o mito da Criança Selvagem, fazendo conexão com as imagens da selva e animais, mostradas na aula anterior. (5 minutos)
- ‘’Crianças selvagens são crianças que logo nos primeiros anos de vida passaram a viver em completo isolamento da humanidade. São crianças que depois de pouco tempo de vida se perdem da população, vivem como animais, não falam e não andam como pessoas socializadas. Tais histórias se originaram de relatos relativamente comuns no século XVIII, que descreviam crianças encontradas no campo, tidas como sobreviventes por circunstâncias especiais, desde os primeiros anos de vida, criadas por animais, sem contato com humanos e assim se tornando selvagens.’’
2.2. Discussão: perguntar aos alunos se conhecem alguma história assim, já ouviram falar de alguma criança selvagem? (5 minutos)
2.3. Rômulo e Remo: contar brevemente a história de Rômulo e Remo como crianças selvagens, sua Mãe Loba, a criação de Roma, etc. (8 minutos)
“Numitor era o rei da cidade de Alba Longa, sobre a margem direita do rio Tibre, quando seu irmão Amúlio o destronou, e, para que não tivesse descendentes que pudessem tirá-lo do trono, condenou Reia Silvia, filha de Numitor, a ser sacerdotisa da deusa Vesta, pois assim permaneceria virgem. Mas Marte, o deus da guerra, engravidou Reia, que deu à luz a dois meninos gêmeos, Rômulo e Remo. Por ordem do rei, ela os colocou em uma cesta deixada no rio Tibre. Por sorte, uma loba encontrou os bebês, abrigando e amamentando-os. Um tempo depois, eles foram encontrados e resgatados por um pastor, com quem começaram a praticar a caça e a corrida, e foram criados pela mulher dele. Mais tarde, os irmãos ficaram sabendo de sua origem e resolveram destronar Amúlio e recolocar Numitor no trono de Alba Longa. Rômulo e Remo decidiram, então, fundar uma cidade no lugar onde tinham sido amamentados pela loba, à margem do rio Tibre, para serem seus reis. Quando foram definir o lugar onde fundar a cidade, os irmãos se desentenderam, pois Rômulo queria que fosse no monte Palatino, e Remo no monte Aventino. Rômulo, então, traçou um limite no alto do monte Palatino e disse que mataria quem o cruzasse. Remo o desobedeceu e cruzou a linha, por isso foi morto por Rômulo, que se tornou o primeiro rei de Roma, aproximadamente em 754 a.C.”
2.4. Marie Angelique LeBlanc: contar brevemente a história da menina selvagem francesa. (5 minutos)
- “Em 1731, uma menina aparentando 10 anos foi encontrada em uma árvore em Songi - Chalons, distrito de Champagne, França. Descalça, com o vestido reduzido a trapos e um gorro feito de folhagens na cabeça. Em uma espécie de bolsa, guardava um porrete e uma faca onde distinguiam-se caracteres indecifráveis. Emitia gritos agudos; sua pele estava tão suja e escurecida que alguns acharam que era uma menina negra. Comia passarinhos, sapos e peixes, folhas, brotos e raízes. Quando colocaram um coelho em sua frente ela imediatamente o matou, abriu sua entranhas e comeu sua carne. A garota de Champagne é um dos raros casos de criança selvagem que aprendeu a falar coerentemente o que faz pensar que, antes de ser abandonada ou perder-se, já sabia a falar. Em pouco tempo ela esqueceu a maior parte de sua vida na floresta que, supõe-se, durou cerca de dois anos. "Seus dedos, especialmente os polegares, eram extraordinariamente largos" - relatou uma testemunha da época, o famoso cientista Charles Marie de la Condamina. Ela usava esses dedos para extrair raízes e como apoio para agarrar nos ramos das árvores, entre as quais movia-se como um macaco. Era muito rápida na corrida e tinha uma visão fenomenal. A menina recebeu o nome de Marie-Angélique Memmie le Blanc. Cresceu e se estabeleceu em Paris onde trabalhava no artesanato de flores artificiais. Suas memórias foram escritas por Madame Hecquet. Morreu na obscuridade com a maioria das crianças selvagens.’’
2.5. Discussão: perguntar aos alunos o que acharam dos relatos, se já tinham ouvido falar dessas histórias, gostaram dos relatos? Tem curiosidade em saber mais? etc. (5 minutos)
3. Introdução a Os Livros da Selva:
3.1. Livro: utilizando o powerpoint, mostrar a capa do livro para os alunos e perguntar se eles conhecem, se já ouviram falar, quais são as histórias que eles imaginam ter no livro, etc. Exemplares do livro também serão levados e circularão pela sala. (5 minutos)
3.2. Apresentação de Os Livros da Selva: apresentar aos alunos a leitura que faremos com eles, contando brevemente sobre o livro, Mowgli e os animais, a Lei da Selva. (5 minutos)
- ‘’Os Livros da Selva se divide em dois exemplares, ambos possuem diversos contos com histórias de Mowgli - menino selvagem que se perdeu de seus pais - e de vários outros animais da floresta, como os elefantes, tigres, focas, etc. Todos esses animais são regidos por uma lei especial, chamada Lei da Selva, que dita o que cada bando de animais deve (ou não) fazer.’’
3.3. Autor e relação com a Índia: falar do autor do livro, explicando sua relação com a Índia, mostrar também um trecho curto de uma entrevista de Kipling. (5 minutos)
- ‘’Kipling nasceu na Índia, filho de um escultor e ilustrador (que dá ‘cores’ a edição da Zahar), foi para a Inglaterra aos 5 anos de idade para estudar, onde ficou por alguns anos. Durante sua vida, voltou várias vezes para a Índia. O autor, assim como Mowgli, se sentia sempre um estrangeiro. Sua obra recebeu diversos prêmios e inspirou até o Escotismo - o fundador desse movimento usou o livro como pano de fundo para escoteiros de 7 a 11 anos, chamados lobinhos.’’
4. Debate:
4.1. Dividir os alunos em dois grupos e passar os exemplares do livro para eles folhearem.
4.2. Debate: perguntar aos alunos o que eles acharam do que foi apresentado e, considerando isso tudo, do que eles acham que se trata o livro, quais são as expectativas, se alguém conhece a história, etc.
Materiais:
KIPLING, Rudyard. Os livros da Selva: contos de Mowgli e outras histórias. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Comentário:
Começamos a primeira aula pedindo para que os alunos voltassem para seus grupos da última aula e acertassem os detalhes finais para as apresentações, apenas um dos grupos não concluiu a atividade. Nesse grupo estava um dos meninos com problemas de aprendizagem e outros que são tidos como ‘’chatos’’ e ‘’esquisitos’’ pelo resto da turma. Eles pareciam um pouco desanimados e confusos com os comandos dados, então, sentamos ao lado deles para ajudá-los a terminar a formulação de sua história. Passado esse primeiro momento, as apresentações começaram e tudo ficou fantástico! A criatividade dos meninos é algo fora do comum e pudemos perceber que eles tinham absorvido muito do que ensinamos, todos pareciam se divertir muito com o que fizeram e as histórias variavam bastante em conteúdo: no primeiro grupo, os meninos eram exploradores perdidos na selva e cada um encontrava um bicho e contava o que tinha achado desse animal; no segundo grupo, uma maldição de uma deusa precisava ser quebrada, pois as funções dos animais estavam trocadas (a cobra voava, o tigre rastejava, etc.); no terceiro grupo, as meninas contaram a história de Mowgli mudando o fim; no quarto grupo, a pantera e seu amigo tigre eram presos e levados para um zoológico; no quinto grupo, a cobra era má e por isso era condenada a rastejar por toda a eternidade (esse grupo fez até máscaras!); no sexto grupo, encontram um tesouro em um templo perdido, esse tesouro é a Índia. Ainda que os meninos tenham problemas de timidez, eles parecem começar a se soltar pouco a pouco tanto com a gente quanto com o resto da turma, além disso, também parecem estar se enturmando um com os outros.
Na segunda aula, apresentamos a Criança Selvagem e Os Livros da Selva. Os alunos estavam um pouco agitados por conta das apresentações e também porque se aproximava um pouco mais da hora do intervalo, por isso, foi um pouco difícil controlá-los. Ainda assim, a aula foi muito proveitosa, separamos a turma em grupos menores para podermos conversar com eles sobre as impressões que tiveram, sobre livros que viraram filmes, sobre o que imaginam encontrar no livro e as respostas foram diversas e muito imaginativas. Ao final da aula, os alunos pareciam curiosos para saber o que leremos com eles.
OBSERVAÇÃO: AS AULAS FORAM INTERROMPIDAS NESSE MOMENTO EM FUNÇÃO DA GREVE DOS PROFESSORES ESTADUAIS, CONTRA O ROMPIMENTO DO ACORDO POR PARTE DO GOVERNO ESTADUAL, E DA OCUPAÇÃO ESTUDANTIL DAS ESCOLAS DO PARANÁ, CONTRA A IMPOSIÇÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA DA REFORMA DO ENSINO MÉDIO. As aulas foram retomadas na metade de novembro, sem tempo hábil para incluir os comentários e resultados, em função do prazo final para a postagem do relatório PIBID/Capes.
Aula 04 - Início da leitura do conto “Os irmãos de Mowgli” (2 horas-aula)
Primeira hora-aula
Objetivos: Introduzir a leitura do conto ‘’Os irmãos de Mowgli’’ que abre Os Livros da Selva, de Kipling, dando sentido e recuperando as aulas anteriores. Despertar o interesse e a curiosidade dos alunos pela leitura. Desenvolver a competência de leitura e a imaginação.
Estratégias:
1. Preparação: antes de começar a leitura, as informações trabalhadas em sala anteriormente sobre a Índia, a selva, os animais e o autor deverão ser retomadas; além disso, um glossário previamente preparado será passado no quadro, com palavras menos conhecidas ou que não tem tradução do hindu. (5 minutos)
1.1. Glossário será composto pelas palavras: Seeonee, chacal, dewanee, gongo, molestar, cabeçorra, sambar (animal), oodeypore, facho, seixo e nanquim.
2. Livro e conto: circular entre os alunos exemplares do livro e distribuir uma cópia do conto digitado para cada aluno.
3. Leitura: a leitura deverá ser feita em voz alta pelas bolsistas, uma lendo a parte do narrador e outra a parte dos diálogos, enquanto os alunos acompanham a leitura em suas cópias.
4. Intervalo de leitura: na parte da história em que o narrador informa que irá pular dez ou onze anos a história (página 37), a leitura será interrompida e as cópias recolhidas, para realização de atividade. (40 minutos)
Segunda hora-aula
5. Atividade escrita:
5.1. Retomada da leitura realizada na primeira aula; (5 minutos)
5.2. Leitura do trecho em que o narrador anuncia o que não vai contar: “Agora você deverá se contentar em pular uns dez ou onze anos inteiros, e simplesmente imaginar a vida magnífica que Mowgli teve entre os lobos, pois se isso fosse escrito preencheria uma infinidade de livros.’’ (página37);
5.3. Propor aos alunos a atividade escrita, que consiste na narração da sua ideia do que aconteceu com Mowli nos anos que se passaram. Os bolsistas ficarão à disposição dos alunos para atender dúvidas e recolherão as atividades no fim da aula. (40 minutos)
Materiais:
KIPLING, Rudyard. Os livros da Selva: contos de Mowgli e outras histórias. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Cópias do primeiro conto de Os livros da Selva, “Os irmãos de Mowgli”, digitado pelos bolsistas, para que todos os alunos acompanhem a leitura.
Aula 05 - Término da leitura do conto “Os irmãos de Mowgli” (2 horas-aula)
Objetivos: Incentivar a expressão oral dos alunos e a integração da turma, a partir da atividade realizada na aula anterior. Dar retorno aos alunos sobre a escrita realizada. Retomar o ponto em que a história foi interrompida dando continuidade à leitura, de forma a manter o interesse dos alunos. Integrar a turma dando voz às diferentes interpretações, formando uma comunidade de leitores.
Primeira hora-aula
Estratégias:
1. Apresentação oral: solicitar aos alunos que os grupos que realizaram a atividade sobre os onze anos não narrados no conto, apresentem a versão que imaginaram para a turma. (15 minutos)
2. Retomada: retomada oral, pelas bolsistas, dos acontecimentos da história até o momento em que a leitura foi interrompida. (5 minutos)
3. Leitura: devolução das cópias dos contos para os alunos. Os bolsistas retomam a leitura em voz alta, a partir do ponto em que foi interrompida até o final do conto. (25 minutos)
Segunda hora-aula
4. Interpretação e comunidade de leitores: perguntar aos alunos impressões que eles tiveram do conto lido (gostaram ou não? porquê? personagens que mais gostaram e que menos gostaram?); se necessário, dividir em grupos a sala para que todos consigam falar e praticar a oralidade, incentivando o compartilhamento das impressões de leitura. (5 minutos)
5. Júri: Retomar a parte da história em que o “Conselho da alcateia” se reúne para aceitar ou não a participação de Mowgli no grupo. Propor que a turma se divida em dois grupos: um a favor e outro contra a entrada de um membro completamente diferente e estranho à comunidade. Eles podem imaginar um animal, um alienígena, uma criança de outro país, etc. Os dois grupos apresentam os argumentos oralmente e os bolsistas/supervisoras atuam como juiz. (30 minutos)
5. Entrega da atividade da aula anterior: as atividades escritas da aula passada serão devolvidas corrigidas, sempre com elogios para encorajar a escrita dos alunos. Algum problema (pontuação, por exemplo) diagnosticado na maioria da turma será trabalhado em conjunto, com alguma atividade de leitura ou escrita. (10 minutos)
Materiais: KIPLING, Rudyard. Os livros da Selva: contos de Mowgli e outras histórias. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Cópias do primeiro conto do livro para os alunos acompanharem a leitura.
Aula 06 - Leitura de “A caçada de Kaa” (2 horas-aula)
Objetivo: Desenvolver a competência de leitura dos alunos, retomando o conto anterior e relacionando com o próximo. Dar ao aluno a possibilidade de confrontar a sua imaginação e interpretação, desenvolvidas na leitura do primeiro conto, com o que é narrado no segundo. Incentivar a integração da turma e a expressão oral dos alunos.
Primeira hora-aula
Estratégias:
1. Retomada: para descontrair e retomar a história de uma forma diferente, levar o trecho da animação clássica da Disney, Mogli - O menino lobo (1968), em que Mowgli encontra com Baloo. (12 minutos)
2. Segundo conto: anunciar que vamos ler outro conto sobre Mowgli, “ A caçada de Kaa” (p. 50/74), do mesmo livro. Criar expectativa a partir do título. (3 minutos)
3. Leitura: distribuir cópia do conto digitado para cada aluno. A leitura será realizada pelas bolsistas, que se alternam entre narrador e personagens, até a parte da narrativa em que o plano dos macacos de capturar Mowgli é revelado e fica claro que os macacos não têm lei. (20 minutos)
4. Atividade oral: trabalhar a diferença entre os macacos e os outros animais, recuperando a ideia da Lei da Selva e destacando o fato de que os macacos não têm lei e por isso são desprezados pelos outros: por que isso gera desprezo? O que eles acham da Lei da Selva?
5. Lei da Selva: propor aos alunos que eles elaborem uma Lei da Turma, no mesmo sentido da Lei da Selva. A ideia é que os alunos consigam encontrar pontos semelhantes entre si. Caso a atividade gere brigas entre a turma, os alunos devem ser divididos em grupos menores e assim cada grupo cria sua própria lei. (10 minutos).
Segunda hora-aula
3. Apresentação da atividade oral: os alunos deverão fazer uma rápida apresentação dos resultados da atividade realizada na primeira hora-aula. (10 minutos)
4. Retomada da leitura: devolver as cópias do conto aos alunos. Os bolsistas em voz alta finalizam a leitura do conto. (25 minutos)
5. Atividade escrita: lembrar com os alunos da atividade trabalhada sobre os onze anos que foram pulados na narrativa no primeiro conto. Confrontar oralmente a expectativa e a imaginação que os alunos tinham sobre o que aconteceria e o que de fato aconteceu. Pedir que registrem por escrito as opiniões. (10 minutos)
Materiais: KIPLING, Rudyard. A caçada de Kaa. In. Os livros da Selva: contos de Mowgli e outras histórias. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Cópias do segundo conto para cada aluno.
Trecho de Mogli: O menino lobo. Animação produzida por Walt Disney Pictures em 1967 e dirigida por Wolfgang Reitherman.
Aula 07 - Finalização (2 horas-aula)
Objetivo: Levar os alunos a perceber as diferenças entre linguagens distintas, a partir da comparação entre filme, desenho animado e a leitura feita.
Primeira hora-aula
Estratégias:
- Apresentação do trecho dos macacos no live-action de 2016 e na animação de 1967:
- após retomada do conteúdo da história de Mowgli trabalhado anteriormente, reler com os alunos o trecho do conto que narra o rapto de Mowgli pelos macacos; (10 min.)
- apresentar aos alunos o trecho em que os macacos raptam Mowgli no filme de 2016, com o qual muitas das crianças da turma já estão familiarizadas, conforme observado em debates anteriores. (17 minutos);
- apresentar também o mesmo trecho da história na animação da Disney de 1967 (10 minutos).
1.1 Debate: discutir com a turma diferenças e semelhanças da cena em que Mowgli é raptado e como os macacos são vistos pelo restante dos animais da selva, na narrativa do conto, no filme e na animação. (8 minutos)
Segunda hora-aula
2. Questionário: solicitar aos alunos que respondam a um questionário, com perguntas sobre as atividades de leitura realizada, as aulas de português e nossa prática em sala de aula.
3. Despedida: Agradecimento pela participação dos alunos no nosso projeto. Espaço para comentários e sugestões dos alunos. Incentivo à leitura. Festa de encerramento.
Materiais:
KIPLING, Rudyard. A caçada de Kaa. In. Os livros da Selva: contos de Mowgli e outras histórias. Trad. Alexandre Barbosa de Souza. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
Cópias do conto para cada aluno.
Questionário final.
Mogli: O menino lobo. Longa metragem produzido por Walt Disney Pictures em 2016 e dirigido por John Favreau.
Mogli: O menino lobo. Animação produzida por Walt Disney Pictures em 1967 e dirigida por Wolfgang Reitherman.