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- Estratégias de leitura e de mediação de leitura
Desde o primeiro dia, os bolsistas sabiam que nosso principal objetivo era fazer os estudantes lerem livros de literatura do acervo do PNBE. Fazer ler era a nossa função, era a tarefa central. Mas COMO LER? Ao longo deste ano, os bolsistas encontraram maneiras de ler COM e PARA os alunos de diferentes turmas do Ensino Fundamental e Médio. Usaram várias estratégias para PRATICAR, ESTIMULAR, MEDIAR, COMENTAR e EXPANDIR a leitura na escola:
ANTES DA LEITURA:
- PLANEJAMENTO. Preparação dos bolsistas, com o grupo de bolsistas e/ou com coordenadora e supervisoras, por meio da leitura de obras literárias, teóricas, históricas, críticas e biográficas;
- Seleção de trechos para ler e comentar em sala de aula;
- Planejamento de pausas estratégicas a serem feitas ao longo da leitura;
- ORGANIZAÇÃO de intervalos de leitura, no caso de textos longos como romances ou peças teatrais.
- Preparação de atividades para serem realizadas depois da leitura; algumas dessas atividades podem ser acessadas por meio dos seguintes links: /site/uploads/sigpibid_ufpr/ckeditor/attachments/324/Planos_de_aula_EM_-_deborah.pdf e /site/uploads/sigpibid_ufpr/ckeditor/attachments/323/Planos_de_aula_EM_-_Angelita_Sheynna_Willian.pdf
- Preparação de atividades de análise do texto literário, especialmente para a identificação de elementos centrais da organização textual.
- Preparação de informações para fazer uma introdução esclarecedora a um tema ou autor ou momento histórico;
- Comparação entre ESTRATÉGIAS DE LEITURA na universidade e na escola.
Confecção de MATERIAIS para dinamizar a aula e para favorecer o envolvimento dos leitores com os textos literários. Destaco duas atividades feitas no segundo semestre de 2014: confecção de máscaras teatrais (reproduzidas acima) para caracterização de personagens na leitura de uma peça de teatro, Hamlet; e confecção de marcadores de páginas alusivos aos livros lidos pelos alunos (reproduzidos à direita). Os marca-páginas foram pensados como estratégias de permanência do discurso literário no dia-a-dia dos estudantes, podendo ser usados, obviamente, durante e depois da leitura.
DURANTE A LEITURA (em sala de aula ou na biblioteca):
- LEITURA silenciosa;
- LEITURA em voz alta: os alunos ensaiam em grupo e leem trechos para a turma. Importância da oralização associada à fluência, à entonação, à significação do texto;
- LEITURA em voz alta: os alunos têm sua voz gravada e ouvem o que leram. Depois, avaliam sua própria leitura;
- Leitura teatralizada (ou dramatizada) à “Levamos chapéus de palha, chapéu de cozinheiro, instrumentos musicais para encenar o palhaço. Os alunos toparam a proposta, encarnaram os personagens e a dramatização ficou extremamente divertida.” (Mariana);
- Contação de histórias;
- CONVERSAS sobre a leitura em processo: depois de um intervalo na leitura, os bolsistas conduzem uma conversa sobre o que foi lido nas aulas anteriores, recuperando (por meio da contribuicao dos alunos) elementos essenciais do enredo da narrativa. Anotam no quadro, ensinando os alunos a organizarem a aprendizagem e a fixarem elementos do texto lido. Como se sabe, tomar nota ao longo da leitura é estratégia de aprendizagem a ser levada para diferentes momentos da vida escolar);
- CONVERSAS sobre a leitura em processo: antecipação, construção de hipóteses sobre o enredo;
- Conversas sobre a leitura em processo: interrupção da leitura (pausas na leitura), pontuando-a com perguntas e comentários para verificação de compreensão, construção de hipóteses, elucidação de referências, etc.;
- COMPARTILHAMENTO de impressões e emoções depois da leitura à “No fim a turma ficou contente com o desfecho do livro, mas ao mesmo tempo triste pela leitura ter acabado. Isso mostrou o acerto em relação a escolha da obra e o êxito que obtivemos com as atividades.” (relato da bolsista Emily)
- Estímulo à IDENTIFICAÇÃO dos leitores com personagens do texto, quando possível;
- Discussão sobre elementos temáticos, contextuais (sobretudo contexto histórico e político), estudo da intertextualidade (com o que o texto literário dialoga, a que ele se refere?)
- Releitura do texto literário, grifando trechos segundo orientação dos bolsistas;
- Uso do dicionário para procurar algumas palavras desconhecidas encontradas nos textos lidos;
- Estabelecimento de relação entre literatura e outras artes: cinema, música, fotografia, pintura. Exemplos: na leitura do conto “O cachorro de Goya em Beirute” (vide referências abaixo), usou-se o quadro “El perro semihundido” (2), ao qual o conto faz referência explícita; como introdução à leitura de Hamlet (3), usou-se o quadro Ofelia (4), de John Everett Millais, que recria a personagem shakespeariana; na leitura do Auto da Compadecida (5), usaram-se fotografias de Sebastião Salgado (6). Para as devidas referências, clique aqui.
DEPOIS DA LEITURA:
- Conversa, discussão, debate;
- Estratégias para compreensão do contexto histórico em que o texto foi escrito (pesquisa, informação fornecida pelos bolsistas, discussão, levantamento de informações conhecidas pelos alunos); identificação ou estabelecimento de relações entre texto e contexto;
- Pesquisa para elucidação de referências artísticas feitas no texto;
- Apresentação e identificação de aspectos dos gêneros literários;
- SUGESTÃO de outros títulos de livros do mesmo autor, depois de terminada uma leitura. Indicação de que o livro existe na biblioteca escolar. Biblioteca passa a ser um assunto na sala de aula, na esperança de que os alunos se apropriem do espaço e do material lá disponível.
- Sugestão de títulos diversos do acervo da BIBLIOTECA escolar para os alunos;
- Ajuda na ESCOLHA de livros do acervo da biblioteca escolar;
- VERIFICAÇÃO de leitura e produção de texto: por meio do preenchimento de fichas de leitura, os alunos produziram desenhos a partir dos textos lidos, responderam a perguntas a respeito de elementos da narrativa, modificaram o enredo, especialmente o desfecho, sendo estimulados a serem sujeitos de suas próprias leituras;
- Verificação de leitura e PRODUÇÃO DE TEXTO: os bolsistas promoveram atividades que mudaram a rotina da verificação pura e simples, por meio de um jogo de competição, no qual os próprios alunos elaboraram questionários para serem respondidos pelos seus colegas. O jogo de competição é a estratégia; o objetivo é retomar o texto e verificar a sua leitura. A atividade lúdica e dinâmica promoveu o envolvimento da turma, o que é essencial para a continuidade das atividades e, sobretudo, da leitura. Vejam registros fotográficos dessa atividade: http://ufpr.sistemaspibid.com.br/site/uploads/sigpibid_ufpr/arquivo/Portugues%203/318/quiz.pdf
- Estimular os alunos a EMITIR OPINIÃO a respeito dos livros lidos; ensiná-los a valorizar os livros -- “O livro é como uma televisão da nossa cabeça, mas somos nós quem fazemos as cenas. (Henrique, 7ºD) / “O livro permite que a gente se alimente dele e assim a gente pode se desenvolver e aprender coisas novas.” (Nathan, 7ºD)” (Bruna Motta)
- Posicionamento CRÍTICO: aprender a dizer por que [o leitor] prefere um livro a outro.
- PRODUÇÃO ESCRITA de texto ficcional, jornalístico ou opinativo repetindo um recurso (estilístico, estrutural ou temático) do texto lido;
- Produção de desenho;
- AMPLIAÇÃO: de um conto escrito a partir de um quadro, produzir um conto escrito a partir de outros quadros. Estabelecimento (ainda que de forma incipiente) de relações entre produção literária e outras fontes artísticas;
- Preenchimento de FICHAS de leituras. Algumas fichas foram escaneadas e podem ser acessadas por meio destes links: http://goo.gl/LQ0Gnx (fichas de leitura do livro James e o pêssego gigante) e http://goo.gl/0kHPW7 (fichas de leitura do livro Reforma da Natureza).
Comentários dos bolsistas a respeito de suas estratégias:
Oralidade e interpretação: “Para a segunda aula conversamos com o professor Alexandre que possuía uma câmera profissional e conseguimos que ele filmasse as apresentações. Caroline e eu chamávamos os grupos à frente para lerem. As apresentações ficaram excelentes. Os alunos dividiram os personagens e a narração e realmente interpretaram. Alguns momentos da leitura me surpreenderam, como a parte em que um grupo de alunas cantou um trecho musical que há no livro, enquanto os outros grupos apenas leram. No final de cada capítulo lido perguntávamos à turma quais tinham sido os aspectos positivos e negativos da apresentação. Se conseguiram ouvir a leitura, se a dicção foi boa, se havia emoção nas vozes, etc. Os alunos conseguiram expor suas críticas de maneira positiva e respeitosa.
Pudemos ver uma mudança em leituras posteriores por conta das críticas [...]. O objetivo da atividade foi perceber o nível de leitura dos alunos. Saber como eles interagiam em grupo e reagiam diante de apresentações feitas por eles mesmos. Foi um dia muito gratificante. Pudemos ver a dedicação que a turma tinha para com a matéria e o respeito entre eles. Foi ótimo sentir que uma atividade proposta e dirigida por nós deu tão certo! Para mim foi o melhor dia no PIBID!” (relato empolgado da bolsista Emily)
Ao lado, foto dos alunos do 7o ano acompanhados dos bolsistas que atuaram nessa atividade (Bruna Motta, Emily, Caroline e Anderson)
“Anderson levou violão, pois há um trecho no livro que é ou pode ser musicalizado. A professora Vera tocou uma melodia suave durante a maior parte da leitura. Isso ajudou a dinamizar a aula e a manter os alunos atentos. [...] Os alunos ficaram bem interessados e foram receptivos a nós e a leitura [...]. Ao final se mostraram ansiosos pela próxima leitura e com muitas expectativas sobre o decorrer da história.” (Relato da bolsista Emily)
Produção de desenho e reflexão a respeito do livro lido: “Como proposta de atividade pedimos que os alunos, assim como a Emília, fizessem alguma reforma na natureza representando através de um desenho que deveria levar uma legenda em forma de diálogo abaixo explicando de que coisa se tratava, para que servia e quais seriam os obstáculos que esta reforma encontraria.” (relato da bolsista Caroline)
Leitura oral: “As atividades que se seguiram foram de leitura oral dos demais capítulos pelos bolsistas e também pelos alunos, sempre fazendo pausas para dialogar com os alunos sobre as particularidades do texto e estabelecendo relações entre texto e contexto. Percebemos que A LEITURA ORAL feita por nós bolsista funcionava melhor se nos posicionássemos CADA UM EM UM LUGAR DA SALA, de preferência formando um triângulo, de modo que o barulho externo do colégio não dispersasse tanto a atenção dos alunos. / No entanto, o simples exercício de escuta e leitura de um texto literário não é tarefa fácil. Sabemos que a atividade de sentar e prestar atenção a um texto escrito ou falado é bastante diverso da nossa realidade social em que temos uma velocidade absurda das informações que facilmente vão sendo descartadas para dar lugar a outras. Para essa questão, tivemos um grande apoio da professora Vera que nos falou: ‘É difícil fazer com que os alunos leiam, porém não é impossível. Basta insistir e querer!’ / Por isso, em nossas aulas procuramos sempre DINAMIZAR as atividades para que o trabalho com literatura em sala de aula não se tornasse cansativo para os alunos. Houve até uma aula em que comentamos com os alunos sobre as adaptações que foram feitas para a televisão de algumas obras do Monteiro Lobato; como existe uma grande diferença entre fruir uma obra de literatura através da leitura e assistir a uma adaptação na televisão ou no cinema. Levamos também algumas edições mais antigas do livro A Reforma da Natureza, assim como outros títulos de Monteiro Lobato para mostrar aos alunos. Deixamos em EXPOSIÇÃO apoiados no quadro negro para que eles pudessem ‘olhar com as mãos’ as obras. Depois que cada aluno tivesse terminado a atividade de produção escrita poderia MANUSEAR os livros. O interessante foi citar alguns desses livros conforme a leitura d’A Reforma da Natureza ia fazendo referência a eles. Como, por exemplo, na passagem em que Narizinho fala sobre o sonho da Emília em se casar com o Capitão Gancho, da história do Peter Pan; fato anteriormente citado no livro Emília no País da Gramática que os alunos puderam visualizar e COMPARAR.” (relato e considerações da bolsista Caroline)