Título do artigo: Discurso, gênero e reescrita em análises de produções textuais de alunos da Educação Básica.

 

Curso/ Subprojeto: Letras/ Português 2

 

Autores: Ana Caroline da Silva Pereira, Ana Celise Ribeiro da Silva, Jheniffer Camila Pizza, Kátia Alves da Silva, Manuella da Cruz Marquetti, Rodrigo Pereira dos Anjos, Romulo Alves de Oliveira, Sara Duim Dias, Thais Ribas Berbello, Teresa Cristina Wachowicz

 

Resumo do artigo.

 

Este trabalho tem como objetivo analisar produções textuais de alunos da Educação Básica de um colégio público do estado do Paraná, fruto de estágio de bolsistas do Programa Pibid/UFPR, durante o ano de 2015, filiados ao subprojeto Português 2. Os textos analisados apresentaram problemas de diferentes ordens, a depender inclusive da fase do planejamento metodológico proposto à prática de produção textual. Em um primeiro momento, foram apresentadas duas propostas de redação – uma que tinha como tema o uso das redes sociais na internet e outra o papel dos sonhos na vida dos jovens alunos. Anterior às propostas, foi desenvolvida uma atividade de leitura de texto base, que envolvia o tema e posicionamentos diversos, seguida de discussão em sala – entre bolsistas e alunos e alunos entre si -, o que motivou oralmente as tomadas de posições. Em análise das primeiras versões dos textos, verificou-se especialmente a falta de domínio sobre o ato de escrever, tanto em suas dimensões sócio-comunicativas quanto nas dimensões de controle do gênero “redação escolar opinativa” e seus pressupostos argumentativos e formais. Os textos, em sua maioria, pareciam atender a uma atividade de preenchimento de espaço vazio do papel, ora com mais controle opinativo, ora com mais estratégias de esvaziamento do significado dos enunciados (Bernardo 1991, Pécora 1988). Um trecho emblemático pode ser assim exemplificado: “Acho que se adotássemos este método ficaria mais confuso, pois escrevemos de modos diferentes na internet e isso confundiria muito./ Apesar disso tudo, uso bastante esta linguagem, economizamos tempo e a conversa fica mais curta”. Do ponto de vista discursivo, as questões que surgem podem ser as seguintes: Quem é o grupo formado pela 1ª. pessoa do plural marcada no texto? Para quem se está escrevendo? Há exercício de persuasão (Fiorin 2015)? Da perspectiva do gênero textual, que requer estrutura argumentativa, as questões passam pelo controle das fases de 1) exposição de um fato, 2) explicitação de tese (presença de antítese), e 3) construção de argumentos (e de contra-argumentos) (Adam 1992, 2008). Por fim, com relação às unidades gramaticais reveladoras dos problemas discursivos e de gênero, apontamos para noções confusas (que “método”?) e de totalidade indeterminada (que “modos diferentes”?) (Pécora 1988). A atividade de reescrita, no entanto, envolveu tomada de posição e controle de autoria por parte dos alunos (Leite & Pereira 2012). Inicialmente, em exercício de análise e auto correção com anotações como se fossem os próprios professores (Charolles 1989), os alunos mostraram-se bastante dispostos e aptos a trabalharem a própria argumentação e a desenvolverem na reescrita a atenção da significação do texto e de suas partes constitutivas de gênero.