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Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência

Sequência Didática: Usos da Língua - Haicais
Col. Estadual Ermelino de Leão
Curitiba - PR
2012


Programa Instituicional de Bolsa e Iniciação à Docência


Tema: Trabalho com haicais: Paulo Leminski e Helena Kolody – “Parte 1”.

Tempo: Duas horas-aula.

Objetivos: Trabalhar com a linguagem poética ressaltando as características individuais da produção dos haicais, especificamente a produção paranaense. Através disso, ressaltar também a objetividade dos haicais e como isso se desenvolve através da linguagem. Esta aula será pautada na reflexão deste tipo de produção poética, tal como um contato bastante visual com as poesias de Helena Kolody e Paulo Leminski.

Metodologia: Iniciaremos a abordagem contextualizando no que se consiste a poesia Haicai, destacando suas origens, formato e principais temáticas. (texto 1). Em seguida, situaremos Paulo Leminski e Helena Kolody, tanto na produção poética haicai, como suas respectivas importâncias na poesia paranaense. Enfatizaremos a produção e a bibliografia de Helena Kolody com o breve documentário (texto 2). Após estas explanações, os alunos terão contato com as poesias de Leminski e Kolody. Isto se desenvolverá de forma bastante visual.

Inspirados na ideia da “Praça da Língua”, do Museu da Língua Portuguesa, da Estação da Luz, em São Paulo, espalharemos no chão da quadra esportiva da escola haicais desses dois autores, em cópias ampliadas, para a leitura por parte dos alunos. Para tanto, foram escolhidos os principais haicais (textos 3 e 4). Após este contato, os alunos escolherão os que mais gostarem e os escreverão em seus cadernos, isto será importante para a ‘Parte 2’ do trabalho, que será desenvolvido acerca desta temática.

Materiais: Cópias das poesias haicais, em tamanho ampliado para exposição na quadra. (Total: 53)


Anexos:

  1. Texto: HAICAIS

    Os haicais são minúsculos poemas de apenas três versos, que somam dezessete sílabas. O primeiro e o terceiro com cinco sílabas, e o segundo com sete, na leitura ocidentalizada; o haiku, original em ideograma, é grafado em uma única coluna vertical.
    O haicai é uma das mais populares formas de poesia clássica japonesa, embebido pelo olhar sutil e dinâmico da filosofia zen-budista. Para se compreender plenamente o pequeno mundo do haicai é preciso olhá-lo não apenas como objeto de linguagem, mas como um processo (indissociável de sua realização formal) que exige um refinamento de sensibilidade, algo nada fácil de atingir.
    Para se chegar a um bom haicai é preciso que o próprio poeta tenha se transformado num instrumento ultra-sensível, por meio de uma longa vivência, algo que estaria mais próximo da sabedoria do que da erudição. Nessa sofisticada chispa poética, o primeiro verso apresenta uma situação, um quadro visual, uma cena: o segundo mostra uma ação dentro dessa cena e o terceiro verso registra o resultado desse movimento.

    "Pétala caída
    que torna de novo ao ramo:
    - Uma borboleta!"
    (Moritakê)

    A economia de meios (o dizer muito com poucas palavras), o olhar atento à imagem instantânea, que cintila por um breve momento e logo se desfaz, o estado distraído e ao mesmo tempo alerta se exigem dos haijins (como são chamados os haicaistas).
    Entre os grandes mestres orientais estão: Bashô (1644-1694), Issa, Buson, Shiki e Moritakê.
    Mesmo que críticos e leitores menos familiarizados com o universo haiku torçam o nariz para a sua aparente simplicidade, o fascínio é comum a grandes artistas do Ocidente, embora, em nossa língua, seja grande a dificuldade em responder à tendência oriental para a condensação dos versos.
    Merece relevo Guilherme de Almeida (1890-1969), que consagrou o haicai com um toque especial, dando-lhe rima, e que, rimado, ficou conhecido como "Haicai Guilhermino":

    "Chão humilde. Então
    risco-o a sombra de um vôo.
    'Sou céu!', disse o chão."

    A temática do haicai oriental é a natureza; no Brasil, os temas são generalizados.
    O haicai não é apenas objeto de linguagem, mas uma prática que exige sensibilidade refinada, capaz de extrair poesia dos eventos mais simples do cotidiano, como o canto de morte de uma cigarra:

    "A cigarra... Ouvi.
    Nada revela em seu canto
    que ela vai morrer."
    (Bashô)

    Parece tolo aos olhos dos ocidentais, mas sem essa sutileza de visão, é impossível compreender o verdadeiro fascínio do haicai.


    Candida Papini - ASES

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:
    PEREIRA, Abel B. - Aprenda a fazer versos. Florianópolis/SC: A Figueira, 1992.
    ASSUNÇÃO, Ademir – O Estado de São Paulo – Especial -Domingo-Literatura – São Paulo- 1997.
    Fonte: Associação de Escritores de Bragança Paulista



  2. Vídeo: Ontem Agora - Helena Kolody

  3. HAICAIS HELENA KOLODY

    Acaso
    A inspiração
    irmã do vento
    sopra onde quer

    Felicidade Os olhos do amado
    Esqueceram-se nos teus
    Perdidos em sonho

    Distante
    Hoje a vida
    é uma longa despedida
    não me pergunte por mim
    já não estou mais aqui.

    Avesso
    Seu olhar profundo
    olha na poça d'água
    e enxerga estrelas no fundo

    Último
    Vôo solitário
    na fímbria da noite
    em busca do pouso distante.

    Aplauso
    Corrida no parque
    O menino inválido
    Aplaude os atletas.

    Alegria
    Trêmula gota de orvalho
    presa na teia de aranha,
    rebrilhando como estrela.

    Flecha de sol
    A flecha de sol
    pinta estrelas na vidraça.
    Despede-se o dia.

    Ipês floridos
    Festa das lanternas!
    Os ipês se iluminaram
    de globos de cor-de-ouro.

    Qual?
    Damos nomes aos astros...
    Qual será nosso nome
    nas estrelas distantes?

    Poesia mínima
    Pintou estrelas no muro
    e teve o céu
    ao alcance das mãos.

    Manhã
    Nas flores do cardo,
    leve poeira de orvalho.
    Manhã no deserto.

    Arco-íris
    Arco-íris no céu.
    Está sorrindo o menino
    Que há pouco chorou.

    Prisão
    Puseste a gaiola
    Suspensa dum ramo em flor,
    Num dia de sol.

    Luz Interior
    O brilho da lâmpada
    No interior da morada
    Empalidece as estrelas

    Pássaros Libertos
    Palavras são pássaros
    Voaram
    Não nos pertencem mais.

    Ressonância
    Bate breve o gongo.
    Na amplidão do templo ecoa
    o som lento e longo.

    Noite
    Luar nos cabelos.
    Constelações na memória.
    Orvalho no olhar.

    Saudades
    Um sabiá cantou. Longe, dançou o arvoredo.
    Choveram saudades.

    Repuxo Iluminado
    Em líquidos caules,
    irisadas flores d'água
    cintilam ao sol.

    Depois
    Será sempre agora.
    Viajarei pelas galáxias
    universo afora.

    Alquimia
    Nas mãos inspiradas
    nascem antigas palavras
    com novo matiz.

    Jornada
    Tão longa a jornada!
    E a gente cai, de repente,
    No abismo do nada.

    Sempre Madrugada
    Para quem viaja ao encontro do sol,
    é sempre madrugada.

    Retrato Antigo (1988)
    Quem é essa
    que me olha
    de tão longe,
    com olhos que foram meus?

    Dom
    Deus dá a todos uma estrela.
    Uns fazem da estrela um sol.
    Outros nem conseguem vê-la.

  4. HAICAIS PAULO LEMINSKI

    soprando esse bambu
    só tiro
    o que lhe deu o vento

    confira
    tudo que respira
    conspira

    duas folhas na sandália
    o outono
    também quer andar

    a palmeira estremece
    palmas pra ela
    que ela merece

    bateu na patente
    batata
    tem gente

    verde a árvore caída
    vira amarelo
    a última vez na vida

    na rua
    sem resistir
    me chamam
    torno a existir

    debruçado num buraco
    vendo o vazio
    ir e vir

    casa com cachorro brabo
    meu anjo da guarda
    abana o rabo

    cabelos que me caem
    em cada um
    mil anos de haikai

    as folhas tantas
    o outono
    nem sabe a quantas

    a chuva vem de cima
    correm
    como se viesse atrás

    amei em cheio
    meio amei-o
    meio não amei-o

    pelos caminhos que ando
    um dia vai ser
    só não sei quando

    abrindo um antigo caderno
    foi que eu descobri
    antigamente eu era eterno

    o mar o azul o sábado
    liguei pro céu
    mas dava sempre ocupado

    primeiro frio do ano
    fui feliz
    se não me engano

    ano novo
    anos buscando
    um ânimo novo

    cortinas de seda
    o vento entra
    sem pedir licença

    tudo dito,
    nada feito,
    fito e deito

    tarde de vento
    até as árvores
    querem vir pra dentro

    tudo claro
    ainda não era o dia
    era apenas o raio

    essa vida é uma viagem
    pena eu estar
    só de passagem

    longo o caminho
    até uma flor
    só de espinho

    nadando num mar de gente
    deixei lá atrás
    meu passo a frente

    noite alta lua baixa
    pergunte ao sapo
    o que ele coaxa

    nu como um grego
    ouço um músico negro
    e me desagrego

    a noite - enorme
    tudo dorme
    menos teu nome

    madrugada bar aberto
    deve haver algum engano
    por perto

    acabou a farra
    formigas mascam
    restos da cigarra

    essa ideia
    ninguém me tira
    matéria é mentira

    jardim da minha amiga
    todo mundo feliz
    até a formiga

    relógio parado
    o ouvido ouve
    o tic tac passado

    milagre de inverno
    agora é ouro
    a água das laranjas

    a estrela cadente
    me caiu ainda quente
    na palma da mão

    saber é pouco
    como é que a água do mar
    entra dentro do coco?

    amar é um elo
    entre o azul
    e o amarelo

    meio dia três cores
    eu disse vento
    e caíram todas as flores

    Quando penso
    Em partir em viagem,
    O fim da primavera.

    Morreu o periquito,
    A gaiola vazia
    Esconde um grito

    Hoje à noite
    Até as estrelas
    Cheiram a flor de laranjeira

    Pra que cara feia?
    Na vida,
    Ninguém paga meia.

    lá embaixo
    vai ter
    o que eu acho


Programa Instituicional de Bolsa e Iniciação à Docência


Tema: Trabalho com haicais: Paulo Leminski e Helena Kolody – “Parte 2”.

Tempo: Duas horas-aula.

Objetivos: Desafiaremos os alunos, a partir da motivação da aula anterior, a produzirem seus próprios haicais. A partir disso, iremos compilar tais produções para a montagem de uma antologia. Esta que conterá a produção dos alunos, como também haicais escolhidos, de Kolody e Leminski.

Metodologia: Iremos relembrar o que foi abordado a respeito de haicais na aula anterior. Partindo disso, iremos solicitar que os alunos (não todos, e sim os que se sentirem à vontade) leiam as poesias que mais lhe chamaram a atenção e argumentem por que causaram impacto. Separando os alunos em grupos de no máximo quatro componentes, vamos solicitar que eles produzam haicais que envolvam as temáticas já abordadas em sala, como: língua, preconceito linguístico, rap, grafite, entre outros...Obviamente, os alunos devem seguir a estrutura mínima do haicai, também já abordados na aula anterior. Como já foi mencionado, iremos compilar estas produções para a montagem de uma antologia e esta será distribuída aos alunos na aula subsequente.

Materiais: Cópias das antologias poéticas. (Total: 50).


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Tema: Facebook - Abordagem das redes sociais em relação à língua

Tempo: 02 horas-aula

Objetivos: Apresentar aos alunos uma das facetas mais irritantes do preconceito linguístico - a sua disseminação nas redes sociais e a discussão dessa abordagem à luz do que aprenderam até então.

Metodologia: As redes sociais são o meio de comunicação do momento - ao possibilitar o contato com vários interessados em um ponto comum, ou a conexão com amigos e parentes distantes de uma maneira mais dinâmica e homogênea, acabam por ser um agente disseminador das mais variadas possibilidades de comunicação, e que atinge a todo mundo - gostando ou não. Embora os casos que usamos como base na sala de aula são, de todo modo, exceções à regra - a possibilidade de se manter anônimo, junto com a valorização do imediatismo, acabou galgando a possibilidade de emitir opinião sem responsabilidade - o que elimina a ponderação (o que, ironicamente, vai contra uma das maiores e mais produtivas possibilidades que as redes sociais oferecem em matéria de discussão e debate de assuntos complexos) e acaba gerando, complementarmente, intolerância, criando uma espécie de nicho digital, onde só são aceitos iniciados ou gente que concorda com o propositor, como nos exemplos usados na aula, retiradas da página "Língua Portuguesa", no Facebook - que não é uma página de discussão e/ou debate, mas um catálogo de "erros" e correções, baeadas arbitrariamente, que, embora tenha certo sentido humorístico, peca por não suscitar nenhuma reflexão, só reflexos - a recente proliferação desse tipo de coisa mostra, além de tudo, como a criação de uma consciência pluralizadora e debatedora pode ser muito produtiva - no caso, pela convivência com a diferenciação.

Materiais: Imagens veiculadas nas páginas "Língua Portuguesa" e "É bonitinho..." - o resto da aula foi destinado à discussão de como isso é enxergado nas redes sociais, e como pode ser enxergado.



Programa Instituicional de Bolsa e Iniciação à Docência


Tema: Dinâmica em grupo.

Tempo: Duas horas-aula.

Objetivos: Finalizar as atividades do PIBID no ano letivo de modo reflexivo, ressaltando a importância dos alunos, assim como do docente, nas atividades desenvolvidas, tanto no PIBID como em todo o âmbito escolar.

Metodologia: Com o auxílio de um novelo de lã, a dinâmica iniciará com base em três questionamentos-chave: O que o PIBID significou neste ano letivo? Os conteúdos abordados alteraram, de algum modo, a forma como vê a língua? Qual foi a aula ou acontecimento no PIBID, que mais marcou? A partir dessas, alguém (pode ser tanto aluno, professora ou nós os bolsistas) iniciará com o novelo de lã respondendo às perguntas, enrolará um pedaço do fio nos dedos e jogará para alguém que sentir-se à vontade. Esta próxima pessoa deve fazer o mesmo, e assim sequencialmente. Quando todos tiverem respondido às perguntas e passarem para alguém a escolha, poderá se notar que há uma espécie de teia formada com os fios. Dessa forma, iremos enfatizar que a educação, assim como o PIBID, depende de todos, pois todos estão entrelaçados pelo conhecimento. Consequentemente, além de valorizarmos os conteúdos que foram abordados, também valorizaremos o papel da educação.

Materiais: Novelo de lã.