O ensino de língua em uma perspectiva discursiva
O que é uma língua? Essa questão, de resposta aparentemente óbvia, resulta de uma inquietação sempre presente quando se reflete acerca do ensino de língua portuguesa como língua materna. Por muito tempo a abordagem da língua esteve centrada no conjunto de normas que regulam os usos mais prestigiados, à margem de situações reais de emprego. Tal enfoque resulta de uma concepção limitada à perspectiva normativa, e não em contextos efetivos de uso, por sujeitos historicamente inseridos. No afã de trazer uma abordagem que considere a língua em sua heterogeneidade constitutiva, nunca ausente de condições específicas de produção, apresento reflexão sobre experiência do âmbito do PIBID-Língua Portuguesa da UFPR (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência- fomentado pela CAPES), sobre a elaboração/implementação de uma sequência didática que põe em tela situações linguajeiras múltiplas, emergentes em diferentes gêneros. As práticas propostas no PIBID têm como substrato teórico de sustentação a perspectiva da Análise do Discurso, e por isso consideram os textos como portadores de discursos. A consequência central dessa abordagem é que a língua passa a ser considerada como materialidade que não é ausente de jogos de força. Fatos como implícitos, negações, ironias e mesmo a emergência de variantes não-padrão passam a ser as pistas de embates múltiplos implicados na linguagem cotidiana. A seleção de textos e proposição de atividades fornece visibilidade para tais ocorrências, oportunizando que acadêmicos e alunos da Educação Básica percebam o trabalho do político na língua.
Profa. Gesualda dos Santos Rasia – PIBID/UFPR