6. Justificativa, objetivos e orientações teóricas do projeto O atual currículo do curso de Pedagogia da UFPR garante a formação do Pedagogo nas áreas de gestão, docência em educação infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental e, ainda, no que concerne à pesquisa, atendendo a Resolução do CNE/CP de número 01/2006 que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, licenciatura. Em 2002, iniciou-se o processo de reformulação curricular que desencadeou o atual currículo do curso (Res. 30/08 CEPE –UFPR). Houve um aumento de 50% na carga horária das disciplinas de Metodologias de Ensino e a criação de disciplinas voltadas para a docência na Educação Infantil, entretanto manteve-se a carga horária da formação do futuro licenciado no entendimento do uso das tecnologias em sala de aula. Nota-se que a formação contemporânea circunscrita na sociedade do conhecimento e que faz uso das tecnologias para a aquisição da informação e a comunicação ainda não é tratada como deveria ser na formação de futuros professores e gestores educacionais. Nesse sentido, a inserção do curso de Pedagogia ao PIBID se converte numa ferramenta importante que pode contribuir para a melhoria da qualidade da formação de nossos alunos ao propiciar um contato maior com a realidade escolar e a criação de estratégias inovadoras em parceria com as escolas no que tange à integração curricular das tecnologias digitais e aprendizagem. A transformação tecnológica nos traz uma nova necessidade de orientarmos a escola e os habitantes que nelas constroem suas vidas pelo simples fato de que as mudanças atuais são rápidas e envolvem habilidades e competências da literacia da informação que ainda não são tratadas nos currículos educacionais de formação de professores. A proponente deste subprojeto desenvolve desde 2011 o projeto de pesquisa “A cultura digital na narrativa curricular: reflexão participativa na formação das licenciaturas e na formação continuada de professores do ensino básico e médio” registrado na instituição, que já era desenvolvido antes de sua redistribuição da UFTM para a UFPR, na qual gerou uma disciplina optativa nas licenciaturas denominada Cultura Digital e Formação de Professores, que se aprovou neste semestre também para a Pedagogia da UFPR, assim como outras licenciaturas, além de já ter promovido cursos de extensão e publicação de artigo acerca da temática da temática deste subprojeto e no prelo, um capítulo de livro sobre a Literacia da Informação na Formação do Professor, a ser lançado ainda este ano de 2012. Deste modo, entende-se que, pela própria vivência acadêmica da proponente deste subprojeto, é urgente a práxis da aprendizagem integrada curricularmente às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Pois, pode-se constatar que a evolução da WEB 1.0 para 2.0 vai além da questão da evolução tecnológica, mas na evolução do usuário na aplicação das tecnologias digitais, na maneira que se preparam e entendem as necessidades potencializadas pela mídia digital, como se desdobra a partilha da informação no processo de aprendizagem, nas diferentes leituras possíveis, entender-se como se favorece a construção do conhecimento pelos professores e alunos para além de uma máquina conectada á rede e somente produtora de Word e Powerpoint, mas para uma ferramenta que possa gerar conteúdos de aprendizagem abertos à interação e interatividade de nossos estudantes e professores. Sabemos que acesso não significa uso e leitura de páginas Web não significa leitor que aprende, problematiza e muito menos que compartilha a aprendizagem e que tem autoria. Há a necessidade de uma mediação pedagógica (VYGOSTKY,1998) preparada desde sua formação inicial à formação continuada para a inclusão da cultura digital na narrativa curricular (GOODSON, 2005, 2007). Em Silva (2005), Lemos (2002) e Levy (1999) encontra-se que cibercultura significa o modo de vida e dos comportamentos que se assimilam e são transmitidos na "vivência histórica e cotidiana marcada pelas tecnologias informáticas" (SILVA, 2005, p. 63). Ressaltando que a mediação da comunicação e da informação via Internet é diferente da centralização da emissão tanto comunicacional quanto da informação, como se tem nos media ditos tradicionais (rádio, televisão, livros, revistas impressos). No que se denomina ciberespaço convivem a emissão e a recepção, pois supõe hipertexto, interatividade, virtualidade entre outros. Na educação, entende-se que para o professor incluir seu aluno na cibercultura e torná-lo capaz de refletir na cibersociedade é necessário prepará-lo num aprendizado prévio, fazê-lo entender que apenas acessar um sítio não mudará em nada um sistema educacional e muito menos se poderá considerar inovação educacional. E disto pode-se questionar: estamos ensinando e aprendendo por meio da tecnologia, caracterizada pela convergência e mobilidade da Web 2.0? Utilizam-se tablets, netbooks, lousas digitais por modismo ou pela característica própria da cibercultura impressas na Matriz de Referências de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias? A formação de professores, futuros professores e alunos para a consciência crítica e da Literacia da informação é demanda da educação (Horton Junior, 2008). As escolas e universidades, com algumas exceções, estão despreparadas para tal. Vale a pena verificar, constatando Silva (2005), sabe-se que aquelas que investem em informática podem estar fazendo no máximo inclusão digital, sem estarem educando para a inclusão na cibersociedade e, portanto, não promovendo as possibilidades de aprendizagem encontradas no ciberespaço. Neste sentido, com o propósito de integrar as tecnologias digitais promovendo as possibilidades de aprendizagem, este subprojeto tem como objetivos: a) em relação aos licenciandos: - realizar estudos acerca da integração curricular das TIC digitais na educação, para este fim entender e praticar a colaboração, a comunicação, a utilização das diferentes mídias, a escrita, a literacia da informação, a cidadania digital, a leitura, a pesquisa, o pensamento crítico e o direito autoral; - Selecionar e produzir recursos didáticos de acesso aberto para ações de aprendizagem digital; - planejar e implementar sequências didáticas com diferentes linguagens e ferramentas; - analisar a contribuição das atividades implementadas e implantadas para o desenvolvimento das diferentes atividades como forma de inclusão digital de aprendizagem do aluno da escola básica; - desenvolver saberes didático-pedagógicos no exercício da prática docente; - refletir sua prática docente e o enfrentamento de problemas; - possibilitar a apropriação dos meios de produção e divulgação do conhecimento pedagógico. b) em relação aos professores do ensino básico: - realizar estudos acerca da integração curricular das TIC na educação, para este fim entender e praticar a colaboração, a comunicação, a utilização das diferentes mídias, a escrita, a Literacia da informação, a cidadania digital, a leitura, a pesquisa, o pensamento crítico e o direito autoral; - promover a partir de estudos e discussões análise de suas práticas pedagógicas; - planejar e implementar sequências didáticas com diferentes linguagens e ferramentas; - analisar a contribuição das atividades implementadas e implantadas para o desenvolvimento das diferentes atividades como forma de inclusão digital de aprendizagem do aluno da escola básica; - desenvolver saberes didático-pedagógicos no exercício da prática docente; - refletir sua prática docente e o enfrentamento de problemas; - possibilitar a apropriação dos meios de produção e divulgação do conhecimento pedagógico. c) em relação ao coordenador do subprojeto: - aprofundar estudos acerca da integração curricular das TIC na educação e questões metodológicas e epistemológicas do ensino fundamental; - apoiar os licenciandos e os professores das escolas envolvidas no processo de discussão, aprendizagem e produção de recursos educacionais digitais; - analisar a produção e utilização desses materiais por parte dos licenciandos e dos professores das escolas envolvidos. - participar da construção dos resultados deste trabalho realizado em forma de diferentes publicações, workshop, oficinas e mini cursos e fóruns, promovendo o uso das tecnologias digitais na construção curricular da aprendizagem na cultura digital nas escolas. O subsídio teórico deste subprojeto fortalece-se na fundamentação da concepção do ciclo de aquisição da aprendizagem educacional com tecnologias digitais, desenvolvido por Horton Junior (UNESCO, 2008), por se tratar das primeiras séries do ensino fundamental, visando desenvolver o pensamento crítico e autônomo (Freire, 1991,1996) e a ação consciente da aprendizagem contextualizada daqueles que participam da ação do aprender para a ação cidadã (Freire, 1991; 1996; Horton Jr, 2008). Neste sentido, teremos como categorias a serem desenvolvidas e analisadas no desenvolvimento, implementação e implantação das propostas de aprendizagem: 1. Dominar o letramento - literacia (ler, escrever, contar); 2. Dominar o conhecimento da informática – literacia informática (hardware, software e aplicações de software-como documento, planilhas, internet, interação e interatividade etc.); 3. Dominar os meios de informação e comunicação - literacia mediática ou mídia literacia (mídias de acesso, a literacia mediática e a criação / expressão usando as mídias); 4. Dominar os meios digitais de aprendizagem, a cibercultura e o ensino a distância – literacia digital; 5. Dominar a compreensão da influência de fatores culturais nos processos de informação – literacia científica; 6. e, finalmente, controlar a informação – literacia da informação para o desenvolvimento da consciência crítica, a autonomia e a criatividade. Para atingir-se os seis domínios acima trabalhar-se valendo-se da aquisição da competência da aplicação das tecnologias de informação e comunicação na escola, perpassando pelas fases descritas por Dwyer, Ringstaff e Sandholtz (1991) como um processo gradual de vivenciar, adotar, adaptar, apropriar e inovar. Referências DWYER, D.; RINGSTAFF, C.; SANDHOLTZ, J. H. Changes in teachers’ beliefs and practices in technology-rich classrooms. Educational Leadership, 1991,48 (8) 45-52. FREIRE, P. A importância do ato de ler (em três artigos que se completam). São Paulo: Cortez/ Autores Associados. (26. ed., 1991). 96 p. (Coleção polêmica do nosso tempo) ________. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. GOODSON, I. F. Currículo: teoria e história. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2005. ________. Currículo, narrativa e o futuro social. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro: ANPEd, v.12.nº 35, maio/ago., 2007, p. 241-252. JR. HORTON, F. W. Introduction à la maîtrise de l’information. Edité par la Division de la Société de l’information, Secteur de la communication et l’information – Paris : UNESCO, 2008. – vii, 102 p. LEMOS, A. Cibercultura. Tecnologia e Vida Social na Cultura Contemporânea. Porto Alegre, Sulina, 2002 LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999. SILVA, M. Docência interativa presencial e online. (Orgs.) VALENTINI, C. B.; SCHMELLER, E. Aprendizagem em ambientes virtuais: compartilhando idéias e construindo cenários. Caxias do Sul: EDUCS, 2005. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.